“Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come.”
―Greenpeace
Para percebermos o verdadeiro significado da expressão "desenvolvimento sustentável" temos que perceber, em primeiro lugar, em que consiste a sustentabilidade. A sustentabilidade é a característica ou condição do que é sustentável, isto é, de algo que reúne as condições necessárias para se manter e conservar de determinada forma, por um determinado período de tempo. Este conceito deu origem a um princípio, o do desenvolvimento sustentável, que consiste na ideia de que a utilização para a satisfação de necessidades presentes dos recursos naturais disponíveis não pode comprometer a satisfação das necessidades futuras.
Assim, o "desenvolvimento sustentável" tem como objectivo não só preservar o meio ambiente a curto, médio e, sobretudo, a longo prazo, como também melhorar as condições de vida dos indivíduos (tanto os das gerações actuais, como os das gerações vindouras). Isto traduz-se, no fundo, num triplo objectivo: um desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
Porquê a necessidade deste conceito?
Embora a ideia subjacente a este conceito e anteriormente indicada possa parecer simples e praticamente lógica, a verdade é que é essencial pensarmos duas vezes sobre o tema. A ideia de que devemos satisfazer as nossas necessidades sem colocarmos em risco a satisfação das necessidades das gerações futuras parece ser demasiado óbvia para dar lugar a um princípio mas vejamos a questão do seguinte prisma:
O planeta Terra existe há milhares de milhões de anos, bem como a existência de vida que surgiu "pouco" depois. O planeta foi, ao longo de todo este tempo, evoluindo, desenvolvendo-se e diversificando sem nunca perder a capacidade de sustentar a vida. No entanto, o ser humano, num "curto" espaço de tempo da sua existência no planeta, "quebrou" essa harmonia que existia até então, desde logo com o desenvolvimento da agricultura, que influenciou directamente e desde logo os solos e as águas e, mais tarde, com o inicio da civilização e seu consequente (ou deveremos dizer antes "inconsequente", numa outra acepção da palavra?) crescimento e desenvolvimento a velocidades vertiginosas. Esta evolução foi sem dúvida um enorme benefício para a humanidade em vários campos, como a economia, a medicina, a tecnologia e muitos outros, no entanto influenciou negativamente a Terra de uma forma que nenhuma outra forma de vida tinha feito anteriormente, afectando tanto o ambiente como a quantidade e a qualidade de outras formas de vida.
Tendo em conta estas ameaças ambientais provocadas pelo Homem, existe a necessidade de novas políticas que promovam o desenvolvimento económico, mas que, por outro lado, tenham em conta estes factores e que se preocupem com os mesmos.
É assim que surge o "desenvolvimento sustentável", que tem precisamente como função proporcionar e promover o desenvolvimento humano (qualidade de vida, tecnologia e sociedade em geral) mas atendendo a uma distribuição justa de recursos naturais, que, por sua vez, também proporcionam qualidade de vida, de um outro prisma.
Assim, o objectivo deste princípio do "desenvolvimento sustentável" é precisamente encontrar um "equilíbrio" perfeito, do ponto de vista de vários factores (ambientais, económicos e culturais) entre a satisfação das necessidades presentes e a possibilidade de satisfação das necessidades futuras, com vista à desaceleração do processo de destruição ao qual o planeta tem vindo a ser sujeito pelas mãos do Homem e que lhe está a retirar a sua capacidade intrínseca de sustentar a vida.
Como concretizar o conceito?
Em primeiro lugar, cada um de nós tem que saber "fazer a sua parte", isto é, esta é (ou pelo menos deve ser) uma preocupação de cada um de nós enquanto indivíduos e não um tema que apenas importa à sociedade como um todo. Um clássico e simples exemplo disto é a reciclagem: se cada um de nós fizer a sua parte, as consequências são gigantescas, no entanto não chegaremos a lado algum se cada um continuar a pensar: "não sou eu que farei a diferença".
Com isto não se quer defender, de todo, que o único caminho é, cada um de nós, enquanto indivíduo, fazer a sua parte. São também as entidades públicas que devem prosseguir estes fins, começando por adoptar medidas, principalmente de prevenção, para reduzir estes efeitos. Passemos a dar alguns exemplos de pequenos passos que podem mudar em muito a mentalidade e a actuação individual, mas que apenas é possível se for incentivada ou criadas as condições para tal:
- Educação ambiental das crianças nas escolas - É extremamente importante que as crianças sejam incentivadas desde cedo a não terem comportamentos lesivos do meio ambiente, como deitarem lixo na rua, ou a terem comportamentos positivos neste sentido, como por exemplo fazerem a reciclagem;
- Criação de ciclovias - Se for promovida a criação de ciclovias nas grandes cidades e os utilizadores de carros incentivados a utilizarem-nas, a poluição será muito inferior;
- Carpooling - Aqui pode não existir uma intervenção tão directa por parte das entidades públicas mas é um conceito que podia, pelo menos, ser muito mais divulgado em Portugal, pois apesar de ser melhor para o ambiente (pois permite a circulação de menos veículos) tem também o incentivo financeiro para os particulares;
- Controlo apertado da emissão de poluição.
Estes são apenas alguns dos infinitos exemplos de práticas, por vezes muito simples e até benéficas directamente para o indivíduo que podem ser tidas em conta para, no mínimo, atrasar o processo de degradação do nosso planeta.
O princípio da sustentabilidade aplica-se desde um único indivíduo, a uma pequena comunidade, a uma pequena fábrica, a uma grande empresa, ao planeta inteiro. E é esta a ideia que temos que ter em mente para ser possível avançarmos para a mudança.
Outra ideia que é extremamente necessária reter é a frase que imortalizou Lavoisier: "Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.", a partir daqui somos nós que escolhemos no que é que queremos "transformar" a nossa intervenção na Natureza, pois algo que é essencial para que seja possível o desenvolvimento sem destruição, é o reaproveitamento dos bens.
Conclusão
Com a crescente preocupação com as questões que estão em causa, como por exemplo a perda da biodiversidade ou as alterações climáticas, o ambiente assume particular importância nos temas centrais da União Europeia, que tem como um dos seus objectivos atingir níveis de elevada protecção relativamente a estes aspectos, de forma a contribuir para questões como a saúde pública, a utilização prudente e racional de recursos naturais e a preservação, protecção e melhoria da qualidade do ambiente.
No entanto, além destes aspectos e das sugestões acima apresentadas, é essencial a alteração de mentalidade de cada indivíduo, é necessário que surja um novo paradigma económico que permita conciliar a continuação de um forte crescimento mas que, ao mesmo tempo, obrigue este a ir ao encontro das limitações ecológicas do planeta, para evitarmos que o ego humano permita que o "viver agora com qualidade" retire às gerações futuras essa mesma possibilidade.
Assim, há que reter os seguintes conceitos, nos quais se baseia o desenvolvimento sustentável: satisfação das necessidades básicas e continuação da qualidade de vida, solidariedade e preocupação com as gerações futuras, participação e promoção pela parte de todos e cada um de nós tanto nas nossas acções diárias como na consciencialização dos outros acerca da importância do respeito pelo ambiente e da preservação dos recursos naturais.
Telma Silva
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